A profissão do Direito de modo geral corre sério risco frente à inteligência artificial, à robótica e às novas tecnologias. Enfim, o futuro chegou

As mudanças tecnológicas e a revolução que elas nos impõem têm provocado transformações e até mesmo o fim de algumas profissões e serviços. Todos de alguma forma precisam se reinventar. Com o profissional que atua na área do Direito não é diferente.

A profissão do Direito de modo geral corre sério risco frente à inteligência artificial, à robótica e às novas tecnologias. Enfim, o futuro chegou. E o 2020 que parecia distante já é o agora. Podemos pensar que em um futuro próximo um julgador pode ser substituído por uma tecnologia que vai gerar sentenças e decisões conforme entendimentos já decididos reiteradamente em tribunais superiores.

Poderíamos imaginar também que a função de um promotor de Justiça poderia ser executada por um programa que analisa, por meio de algoritmos, o caso concreto e o enquadra como um elemento criminoso ou um ilícito cível. E ainda teríamos substituída a função do advogado em diversos casos que a própria inteligência artificial poderia sustentar, acusar ou mediar.

 

Nesta linha, enxergo que podem, sim, as profissões que derivam do Direito serem facilmente substituídas. Entretanto, temos que nos preparar, nos reciclar e termos ciência que, em uma democracia, a dialética de verdades é imprescindível. Ou seja, o conhecimento é imprescindível. As experiências vividas e aplicação delas nas profissões se tornam o grande diferencial. A existência de um Estado de Direito somente se justifica com a condução sensitiva e fina dos seres humanos e da sabedoria acumulada.

Sem isso, corremos o risco de amordaçar o cidadão, tendo em vista que é o advogado que defende, que sustenta e que faz aparecer a realidade judicial, diante das mutações sociais. É o advogado que constrói uma tese judicial apta a declarar a nulidade de um tributo, uma tese apta a provar a inocência de um ser humano, uma tese apta a provar que uma empresa tem o direito de permanecer aberta e não lacrada.

Reconheço a necessidade de atualização que os novos tempos trazem. Todos precisam se reinventar. Mas enxergo como indisponível a presença do homem com todos os seus sentidos quando lidamos com qualquer liberdade e, acima de tudo, com a vida humana. É esse equilíbrio entre o novo e a experiência com o que já foi vivido que nos trazem aos novos tempos.

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